–– E então? O que aconteceu?
–– Acho que posso explicar –
adiantou-se Felipe, que estava calado até então. – Estávamos carregando algumas
mesas pelo corredor quando ela parou subitamente e largou a mesa. Parecia que tinha
visto um fantasma, ou qualquer coisa assim. Então vocês chegaram.
–– Um fantasma... Talvez tenha sido
só queda de pressão também.
–– Desculpe-me, camarada, mas eu sei
o que vi. E não foi uma simples queda de pressão.
–– Entendo... De todo jeito, ela
deve ficar bem. Você vai ficar com ela?
–– Eu não havia pensado nisso, mas,
fico. Parece que sua namorada não gostou muito da ideia de você ficar.
Felipe cometera um erro terrível.
Joane o olhou com a expressão de um assassino frio, e ao mesmo tempo com ódio.
–– Eu... bem... acho que não devia
ter falado isso. Desculpe! Achei que vocês fossem namorados.
–– Bem, não somos. Não tire
conclusões, Felipe. Vamos, Márcio.
Márcio levantou-se rapidamente e
acompanhou Joane até a quadra.
–– Sabe, Joane, eu não achei ruim de
ele ter lhe chamado de minha namorada...
Joane o olhou corada. Não sabia o
que falar e nem o que fazer. Parou de caminhar e o encarou, com o rosto sério.
–– Quero dizer... acho que nós nos
gostamos um pouco mais... que amigos...
–– Márcio... – Joane ainda não
conseguia dizer nada, apenas olhá-lo.
–– Não é exatamente o momento para
dizer isso... aquela garota parecia mal e acabei ficando preocupado. Mas achei
que deveria dizer.
–– Seu idiota. Não está vendo que
estou com ciúmes? Idiota! – e saiu correndo em direção à sua sala, de volta
para o segundo andar.
Ao subir a escadaria, deparou-se com
o novato que estava sentado no corrimão da escada que levava ao terceiro andar.
–– Ei, novato!
–– Você...
–– Você? Que modo rude de se tratar alguém. A propósito, o que você
estava fazendo sentado lá em cima?
–– Não acho que você gostaria de
saber.
–– Como assim?
–– Joane, espere! – Márcio vinha
andando rápido ao encontro de Joane. Por um momento ficara atônito, sem saber o
que fazer depois da reação dela.
–– Ah, o idiota apareceu – Joane era
uma pessoa extrovertida e alegre normalmente, mas, quando ficava de mau-humor,
mudava totalmente.
–– Eu não lhe entendi. Por que
correu?
–– Eu já disse. Não vou repetir. E
você não tem educação? Chegou atrapalhando a minha conversa com outra pessoa.
–– Que outra pessoa? Quando cheguei,
você estava sozinha.
–– O que você quer dizer com
sozinha? Olha ele aqui, aquele novato que estava lá em cima.
–– Não tem ninguém, Joane.
Joane se virou e realmente não havia
ninguém. Então ela empalideceu e se voltou para Hiruka.
–– Acho que eu também vi um
fantasma.
Suas pernas bambearam rapidamente,
quase não dando tempo de Márcio a segurar.