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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nasce Uma Nova História 05

            –– E então? O que aconteceu?
            –– Acho que posso explicar – adiantou-se Felipe, que estava calado até então. – Estávamos carregando algumas mesas pelo corredor quando ela parou subitamente e largou a mesa. Parecia que tinha visto um fantasma, ou qualquer coisa assim. Então vocês chegaram.
            –– Um fantasma... Talvez tenha sido só queda de pressão também.
            –– Desculpe-me, camarada, mas eu sei o que vi. E não foi uma simples queda de pressão.
            –– Entendo... De todo jeito, ela deve ficar bem. Você vai ficar com ela?
            –– Eu não havia pensado nisso, mas, fico. Parece que sua namorada não gostou muito da ideia de você ficar.
            Felipe cometera um erro terrível. Joane o olhou com a expressão de um assassino frio, e ao mesmo tempo com ódio.
            –– Eu... bem... acho que não devia ter falado isso. Desculpe! Achei que vocês fossem namorados.
            –– Bem, não somos. Não tire conclusões, Felipe. Vamos, Márcio.
            Márcio levantou-se rapidamente e acompanhou Joane até a quadra.
            –– Sabe, Joane, eu não achei ruim de ele ter lhe chamado de minha namorada...
            Joane o olhou corada. Não sabia o que falar e nem o que fazer. Parou de caminhar e o encarou, com o rosto sério.
            –– Quero dizer... acho que nós nos gostamos um pouco mais... que amigos...
            –– Márcio... – Joane ainda não conseguia dizer nada, apenas olhá-lo.
            –– Não é exatamente o momento para dizer isso... aquela garota parecia mal e acabei ficando preocupado. Mas achei que deveria dizer.
            –– Seu idiota. Não está vendo que estou com ciúmes? Idiota! – e saiu correndo em direção à sua sala, de volta para o segundo andar.
            Ao subir a escadaria, deparou-se com o novato que estava sentado no corrimão da escada que levava ao terceiro andar.
            –– Ei, novato!
            –– Você...
            –– Você? Que modo rude de se tratar alguém. A propósito, o que você estava fazendo sentado lá em cima?
            –– Não acho que você gostaria de saber.
            –– Como assim?
            –– Joane, espere! – Márcio vinha andando rápido ao encontro de Joane. Por um momento ficara atônito, sem saber o que fazer depois da reação dela.
            –– Ah, o idiota apareceu – Joane era uma pessoa extrovertida e alegre normalmente, mas, quando ficava de mau-humor, mudava totalmente.
            –– Eu não lhe entendi. Por que correu?
            –– Eu já disse. Não vou repetir. E você não tem educação? Chegou atrapalhando a minha conversa com outra pessoa.
            –– Que outra pessoa? Quando cheguei, você estava sozinha.
            –– O que você quer dizer com sozinha? Olha ele aqui, aquele novato que estava lá em cima.
            –– Não tem ninguém, Joane.
            Joane se virou e realmente não havia ninguém. Então ela empalideceu e se voltou para Hiruka.
            –– Acho que eu também vi um fantasma.

            Suas pernas bambearam rapidamente, quase não dando tempo de Márcio a segurar.

Nasce Uma Nova História 04

            Hiruka correu para segurar a garota antes que caísse de ponta-cabeça na escada. Era uma garota baixa, morena e com cabelo curto, bem liso.
            –– Alguém corra até a enfermaria e avise o que aconteceu! Vou carrega-la para lá! – e colocou a garota em suas costas.
            A garota loira voltou imediatamente e correu para o primeiro andar, para avisar aos professores e ir até a enfermaria. Enquanto isso, Joane assistia à cena, ainda um pouco atônita.
            –– Preciso descobrir o que aconteceu.
            Marcio desceu as escadas e Joane foi para o terceiro andar para descobrir o que acontecera. Virou à direita no corredor e perguntou a um garoto de aparência tímida que estava ali, também assistindo à cena.
            –– Eu estava ajudando a Lorena a carregar as mesas – e apontou para uma mesa que estava ao seu lado. – Ela ia à frente quando soltou a mesa e ficou daquele jeito. Parece até que viu um fantasma!
            –– Fantasma? – e lembrou-se do novato que vira sentado no corrimão da escada no segundo andar. – Você por acaso viu um garoto branco, da minha altura, cabelo preto curto e com cara de assustado correndo para cá?
            –– Não. Não tinha ninguém no corredor quando fomos carregar a mesa.
            –– Ninguém... – “talvez tenha descido as escadas, ao contrário do que pensei” – Obrigado. Vou à enfermaria acompanha-la.
            –– Vou com você. Estou preocupado. Não pude fazer nada por ela!
            –– Acalme-se, garoto! Ela vai ficar bem.
            –– Assim espero. Qual seu nome?
            –– Joane.
            –– O meu é Felipe.

...


            Chegando à enfermaria, Joane e Felipe depararam-se com Márcio sentado ao lado da cama onde Lorena estava deitada, ainda com a feição pálida.
            –– Joane!
            –– Como ela está?
            –– Ainda pálida, como pode ver. A enfermeira disse que ela ficará bem apenas com repouso. Mas, estou preocupado.
            –– Gentil como sempre – murmurou Joane. Seu ciúme era óbvio – Bom, descobri o que aconteceu a ela.

            Márcio a olhou com expressão de dúvida no rosto.

Nasce Uma Nova História 03

            Hiruka ouvira o barulho no corredor e saiu de sala para ver o que era. Odiava ser interrompido quando lia. Ainda mais naquele capítulo de “A Última Lua”. Era o best-seller do ano, caramba! Além do mais, estava ainda na metade do intervalo. Supostamente, não devia ter barulho no corredor. Afinal, todos os alunos não suportam mais ficar em sala depois de três longas aulas.
            –– Hey, que barulheira é ess... – estava disposto a sair da sala e soltar o verbo em quem quer que fosse o barulhento que interrompia sua sagrada leitura. – Oh, Joane!
            –– Marcio... – Joane sempre tinha a face corada ao vê-lo. – Desculpe! Atrapalhei a sua leitura não é? É culpa desse calouro ali!
            –– Tudo bem! Pensei que fosse alguém fazendo gracinhas. – também ficou um pouco corado, com vergonha de ter levantado a voz para a pessoa que gosta. – A propósito, de quem você está falando?
            –– Daquele calouro ali na escada! – e virou-se para encara-lo mais uma vez. – Ué, ele estava aqui até agora há pouco. Para onde será que foi?
            –– Deve ter ficado com medo de uma repreensão sua. Você parece bem brava!
            –– Ah, você acha? Desculpe... Não queria causar uma má impressão!
            –– Não, não! Eu não quis dizer isso. Bem... como posso dizer...?
            –– Tudo bem... Márcio, preciso conv...
            O barulho de algo aparentemente caindo abafou a voz de Joane, que se assustou e deu um grande salto para frente, caindo em cima de Hiruka. Fora um barulho bastante alto, e vinha do terceiro andar.
            –– O que foi isso? Ah, minha nossa! Marcio!
            –– Estou bem. Acalme-se. Vamos descobrir.
            Levantaram-se e foram em direção das escadas. Outros alunos, que também preferiam ficar em sala, saíram e foram se aglomerando de curiosidade. Um grupo de seis alunos, entre eles Hiruka e Joane, subiram as escadas para ver o que havia acontecido.
            Ao final da escadaria, depararam-se com uma mesa caída, quebrada. A pessoa suspeita de ter quebrado a mesa estava parada ao lado, pálida.
            –– Hey, o que aconteceu aí? Você está bem? – perguntou uma garota loira que ainda estava parada em uma parte mais baixa da escada. Os outros já estavam quase chegando ao terceiro andar.

            –– E-eu... E-l-le... O q-quê? – e desmaiou. Mal conseguira se manter de pé com o susto que levara. E com a palidez que exibia, não seria surpresa se desmaiasse.

Nasce Uma Nova História 02

            A aula seguiu normal. A professora Márcia era bem tranquila e distraida, beirando a inocência. Lecionava história.
            –– Bom dia, pessoas que fazem parte de uma pequena parcela da história do mundo! Hoje pretendo falar da história desse bairro. Mas, não contem ao coordenador! Ele me mata!
            A turma riu, mais para não deixar a professora sem graça do que pela piada infeliz. Gostavam dela, afinal.
            Duas aulas depois e finalmente veio o intervalo. O tão aguardado intervalo. A meia hora entre as três primeiras aulas e as duas últimas. A meia hora onde todos poderiam conversar à vontade sem algum professor xingar. A única meia hora livre da manhã!
            O grupo de alunos que formavam o Grêmio Escolar falava ao rádio da escola: “E esse é um recado para Roberto: parece que você tem uma admiradora, meu amigo! Pediu para tocar uma música em sua homenagem!”.
            Claro, havia pelo menos dez Robertos diferentes na escola. A “admiradora” queria mesmo se manter no anonimato. “Será que ela pediu para tocar essa música por ter medo de perguntar diretamente a esse tal Roberto? Arrisca ou esquece?”, pensava Alana, enquanto escutava “Strawberry Fields Forever”, dos Beatles. “Parece que ela está arriscando”.
            Joane estava ao seu lado, pronta para ouvir a resposta que tinha certeza que viria em dois segundos.
            –– Decidi, Ane. Eu arriscaria, de maneira que ainda conseguisse encarar a pessoa depois, independente da resposta. Parece que, mais uma vez, os Beatles me deram uma pequena luz!
            –– Hmm... Então é isso. Acho que eu também estava pensando nisso. Obrigada, Laninha!
            Estavam ambas na arquibancada da quadra poliesportiva. Joane levantou-se como um foguete e correu para o pátio. Alana já estava acostumada com essas atitudes impulsivas de sua amiga. Quando estavam cursando o 8º ano do ensino fundamental, ela ainda estranhava esse comportamento. Hoje em dia, já se formando no ensino médio, até achava graça.
            Joane passou correndo pelo corredor do segundo andar da escola, para conseguir chegar depressa à sua sala. Estava ansiosa para fazer logo a pergunta.
            No caminho, avistou um calouro do 1º ano sentado no corrimão da escada que levava ao terceiro andar.
            –– Ei, novato! O que pensa que está fazendo?
            –– Eu? Você pode...?
            –– Posso o quê?

Nasce Uma Nova História 01

Projeto de livro. A história já está bem encaminhada. Já conheço o início, o meio e o fim; só preciso ajeitar algumas coisas e consertar outras. Não é grande. Não dividi por capítulos ainda.
Mas preciso saber se devo continuar ou deixar para lá. Comentem, por favor.


            “Quando você quer saber algo, mas tem medo da resposta, o que você faz? Arrisca ou esquece?”
            Essa foi a pergunta que perturbou Alana pelo resto do dia. Estava em sala de aula, olhando para o pátio através da janela, quando Joane a interrogou. Por sorte, isso aconteceu durante o último horário. Do contrário, perderia toda a aula. Apesar de que já não estava prestando atenção à última aula mesmo.
            Fora embora para sua casa e ficou pensando nisso durante todas as atividades do dia: no almoço, no trabalho de meio período no fast food do bairro, no jantar, no horário de lazer e no horário de estudar. Pensou nisso até dormir.
            Esse era o tipo de pessoa que Alana era: quando colocava algo na cabeça, não descansava até que resolvesse.
            “Arrisca ou esquece?”
            Claro. As opções eram várias: se arriscasse e perguntasse, poderia ouvir algo que desgostasse. Do contrário, se esquecesse, ficaria pensando na possível resposta, sem nunca poder saber qual seria.
            “Logo, a escolha óbvia seria arriscar.” Pensou. “Mas, e se a resposta me destruir?”
            O dia amanheceu e chegara a hora de ir à escola. E o pensamento continuava a atormenta-la.
            Durante o percurso da escola, encontrou-se com Joane, que a estava esperando encostada em uma árvore.
            –– Bom dia, Laninha! Aposto que ainda está pensando no que eu lhe disse ontem. – disse Joane com um sorriso.
            –– Bom dia, Ane! Está tão exposto assim em meu rosto?
            –– Não... Eu que lhe conheço mesmo! Afinal, já são cinco anos.
            –– Verdade. E pelo que conheço de você, está pensando no que fazer em relação a isso.
            –– A-cer-tou!
            Ambas continuaram o caminho à escola, enquanto Joane saltitava de alegria.
            Chegando à escola, encontraram Márcio Hiruka, um descendente de orientais (todos o perguntavam se era chinês, mas ele se irritava e dizia apenas que era descendente de orientais). Joane era apaixonada por Marcio, e ambos se davam bem. Nunca confessaram, mas ambos se gostavam.
            A aula logo começaria, mas os três não se preocupavam com isso. Conversavam e andavam tranquilamente pela entrada da escola, enquanto viam os outros alunos passarem. Era mais uma terça-feira tranquila, apenas com aulas normais.
            Ao chegar à sala de aula, Alana sempre observava todos, à procura de sua amada: Jéssica Iohana.
            Iohana (todos a chamavam pelo segundo nome, pois ela odiava o primeiro) sentava-se à terceira mesa da segunda fileira a partir da janela. Ela estava de costas para a porta quando os três chegaram. Alana foi correndo abraçar sua amada.
            –– Bom dia, Ioflor! – e deu um abraço bem apertado, com Iohana ainda de costas.
            (“Hana” significa “flor” em japonês, por isso a chamava de Ioflor.)
            –– Bom dia Lana! Está animada hoje?
            –– Sempre que lhe vejo, fico animada! – e olhou para as pessoas que estavam à frente. – Bom dia pessoal!
            –– Bom dia, Alana. Já estava se esquecendo do resto do mundo não é? – respondeu Vitor com um sorriso sarcástico.
            –– Não enche!
            –– Opa! E a verdadeira personalidade se revela! – disse Rayssa, com um tom de deboche.
            –– Você também, Ray?!
            –– Vamos, vamos... Acalme-se, senhorita. – Rafael fazia mais do tipo observador, mas sempre tentava apaziguar o clima. – Não vamos brigar logo no início do dia, não é?
            –– Acho que você está certo, senhor Cura. – e se virou para Vitor – Mas, você que me aguarde!
            –– Que medo!
            (Rafael, em hebraico, significa “Deus cura”)
            Até o momento, Hiruka e Joane haviam se sentado à fileira mais perto da porta para poderem conversar. Falavam de coisas triviais, como o que haviam comido durante o café da manhã. Mas, a cada palavra de Marcio, os olhos de Joane brilhavam de paixão.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Boca Azul de Esmalte Velho

Essa não é mais uma história comum sobre lugares comuns.
Tente imaginar um mundo onde as palavras têm sentido físico e andam por aí.
Não entendeu? Bem, imagine um homem irado chegando perto de uma pedra e gritando "que você exploda!" e, de repente a pedra explode, soltando mil pedacinhos pequenos por todos os lados, atingindo quem estava próximo. Sim, palavras com sentido físico.
Em um mundo comum, dizer que as palavras machucam funciona como uma metáfora.
Mas, esse não é um mundo comum. Palavras podem machucar fisicamente.

Cuidado com suas palavras daqui em diante.

Outro dia, estava conversando com uma amiga e ela falou: "minha boca ficou azul de roer esmalte".
E sim, meus amigos, a boca dela ficou azul.

domingo, 7 de julho de 2013

Patético/Inútil

Há quem diga que ainda há
Algum brilho no olhar
Que, para mim, se tornou vazio
Sem qualquer razão para brilhar

Eu mesmo ainda espero algo.
Espero que isso seja verdade
Se alguém ainda vê isso
Talvez não seja falsidade

Lamento ter de passar por tudo isso
Desde a ameaça ao trabalho
Até um membro quase perdido
Só para poder lhe enxergar

Eu queria um fim diferente
Desse que (des)construí
Queria um futuro terno e eterno
Mas, por acidente, o destruí

Não quero vagar por aí
Lamentando nesse mundo
Quero seguir no tempo
E construir, outra vez, tudo

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Apagado da Vida, "Eternificado" na História

Os eventos da última semana ocorreram rápidos demais. As informações foram trazidas por tsunamis monstruosas, arrastando e devastando qualquer resquício de sanidade e controle mental que eu tinha.

Foi como se um super vulcão marítimo tivesse entrado em erupção e devastado tudo de maneira rápida, surpreendentemente assustadora e com uma força que machucou tanto que pensei que não fosse sobreviver.

O efeito estufa se agravou em tal intensidade que onde era para chover, havia seca; e onde não deveria chover, caiu um dilúvio.

Por que isso aconteceu? Porque foram feitas escolhas... Uma série de escolhas e decisões que culminaram nessa calamidade impossível de se recuperar.

Essa terra devastada foi assolada pelas lágrimas que caíam tristes dos céus, trazendo um frio que lembrava a solidão.

Nenhum ser vivo jamais ousou colocar os pés em tal continente novamente, visto que não havia mais qualquer resquício ou esperança de algo bom nascer dali.

Esse foi conhecido como o "continente abandonado", outrora um reino que era pura alegria e felicidade, onde todos riam e cantavam todos os dias. Havia músicas, histórias, danças... Todo o tipo de arte.

Esse foi o continente que conseguia alegrar qualquer outro continente desse mundo. O continente que, mesmo em tempos de guerra, trazia a paz para qualquer um que passasse por lá.

Esse foi o rumo que levou o continente, outrora um próspero reino... o Reino Duplo.