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domingo, 15 de dezembro de 2013

Apenas uma Estranha

Em plena forma física, aos 21 anos, já havia conquistado um lugarzinho que era apenas dele e de mais ninguém. Passou um bom ano construindo seu sobrado à saída da Floresta de Kala, perto da trilha.

O sujeito estava no auge de sua juventude. Levantava-se cedo todos os dias e saía para caminhar pela floresta. Depois de passar tanto tempo por ali, precisamente seis anos, já conhecia bem os melhores lugares para conseguir alimento e remédios naturais.

Estava relativamente cansado do restante do mundo. Sozinho desde os 9 anos, teve de amadurecer muito cedo para poder sobreviver em mundo selvagem, onde as pessoas não se importavam com as outras. Assim pensava Cândalo. Peculiar seu nome, diga-se de passagem.

Após passar alguns anos sobrevivendo sozinho nas ruas através de pequenos furtos, resolveu sair de sua vila em busca de um lugar onde pudesse se encontrar e se entender melhor.

Aprendeu a arte da marcenaria e da jardinagem com o velho dono do armazém, o qual lhe oferecia abrigo nas noites mais frias e chuvosas. Cândalo era extremamente grato ao velho. Inclusive, o velho era a única razão de Cândalo permanecer na vila.

Era mal visto pelas outras pessoas por sua aparência selvagem e agressiva, não deixando que ninguém se aproximasse.

Os anos se passaram e Cândalo, finalmente, resolveu se estabelecer ali, perto da Floresta de Kala. Construiu sua casa utilizando o que aprendeu com o velho.

Depois de tanto brigar, tanto com pessoas quanto com animais selvagens, Cândalo finalmente estava vivendo tranquilamente. Estava tudo tão tranquilo que Cândalo assustou-se quando houve uma batida à sua porta.

"Quem poderia bater à minha porta? Algum viajante idiota perdido?", pensou Cândalo. "Bem, de qualquer forma, melhor atender logo. Quanto antes atender, mais cedo o incômodo se vai".

Andou rapidamente e abriu a porta. Para sua surpresa, uma moça literalmente caiu em seus braços. Ela estava desacordada. Cândalo logo perceberia que, além de suja, ela estava faminta, sedenta e com ligeira febre.

"Apenas uma estranha, como imaginei. O que diabos aconteceu com essa mulher? Que bela merda de incômodo em um lugar como esse."

Cândalo carregou a jovem desacordada e a deitou em sua cama. Colocou um pedaço de pano úmido sobre a testa da moça, para apaziguar a febre. Cândalo logo perceberia que aquela não era uma mulher, como havia pensado, e sim uma moça mais nova, adolescente.

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